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Festival Sudoeste 2005


[Sudoeste 2005]


Estou de volta! Foram 4 dias com muita e boa música, bom ambiente, muita festa e muita muita gente.

Logo no primeiro dia notava-se que a quantidade de pessoas era um pouco anormal, tanto pelo parque de campismo como pelo recinto, que no dia de "recepção ao campista" já estava apinhado de gente. Adivinhava-se assim um festival bem concorrido.

Primeiro dia
quinta-feira, 4 de agosto

Para o primeiro dia, as grandes expectativas rodeavam o grupo cómico Gato Fedorento, Patrice e Sean Paul. No entanto, nem todos estiveram bem.

O primeiro concerto a que assisti foi dos Expensive Soul & Jaguar Band, no palco principal. Estes conseguiram puxar uma assistência considerável para a frente do palco, que acompanhou efusivamente o desenrolar do concerto. Deram um espectáculo animado com boa música e boa interacção com o público que, presumo, tinha muitos curiosos como eu, que não conheciam o trabalho da banda. No final, ficou a boa impressão apesar de por vezes ter-se aproximado demasiado do rap, mas isso já entra na área dos gostos pessoais.

[Gato Fedorento]Depois destes era altura de rir com o Gato Fedorento no Palco Planeta Sudoeste. Havia muitas expectativas em relação a este espectáculo, já que era a primeira vez que havia teatro de palco no cartaz do festival. Foi a primeira decepção. Estes quatro meninos, apesar de terem muita piada, ainda não perceberam que um espectáculo a repetir os sketches que já passaram na televisão e saíram em DVD não é propriamente o que as pessoas mais querem ver. Apenas assisti aos primeiros 10minutos, já que sabia tudo o que iam dizer e atrás de mim havia pessoas a dizer as palavras do sketch. Soube depois que até houve alturas em que eles não tiveram de dizer uma palavra, que o público fez o sketch por eles. Isto, na minha humilde opinião, não é espectáculo de comédia. Se me permitem a redundância, as piadas só têm piada uma vez.

[Patrice]Dirigi-me então para o palco principal, onde iria actuar Patrice. O artista alemão deu um bom espectáculo de reggae e soul, com muita animação tanto em cima do palco como fora dele. Esperava que tocasse mais músicas do álbum How do you call it?, mas visto que esta é a tournée de promoção do seu último álbum Nile, é normal que tal não tenha acontecido. Ainda assim, Patrice teve uma boa estreia em palcos nacionais, com um espectáculo bem interactivo já que tocou uma música que lhe tinha sido pedida por um português antes do concerto e também durante o concerto voltou a perguntar se havia alguma música que quisessem ouvir. Pena não estar na primeira fila, senão gritaria com toda a força "I Thought I Knew!!!". Fica para a próxima. ;)

Depois deste, era chegada a hora de Sean Paul. Vi apenas o início do concerto, já que o som que ele faz não me agrada minimamente, mas devo reconhecer que foi um dos momentos mais animados para o público de todo o festival.

Era altura de ir investigar o que se estava a passar no palco secundário, já que tinha perdido a actuação dos Fischerspooner (afinal os Ficherspooner não tocaram), tinha que ir espreitar a actuação dos Ladytron. Não apanhei muito, mas o que vi deu para ficar com água na boca. Têm um som bastante apelativo, especialmente para quem gosta de música electrónica. A mim agradou-me imenso, o que me fez ficar com pena de não ter visto o concerto todo. Pelo menos o público parecia estar a gostar, já que estava a participar bastante. :)


Foi aqui que comecei a aperceber-me que ia perder concertos muito bons por estarem a decorrer vários ao mesmo tempo. É o que acontece quando a oferta é muita.

Segundo Dia
sexta-feira, 5 de agosto

O segundo dia do festival contava com a estreia de um novo palco, o palco Positive Vibes, dedicado à música reggae e que contava com um grande alinhamento para todos os restantes dias.

Neste segundo dia, destacavam-se nomes como Black Uhuru e Groundation no Positive Vibes. Já no Planeta Sudoeste os mais esperados eram Boite Zuleika, Devendra Banhart e LCD Soundsystem. No Palco TMN os cabeça de cartaz eram os Oasis, Da Weasel e Kasabian.

[Boite Zuleika]Para mim, os concertos começaram com Boite Zuleika no palco secundário e mesmo sem conhecer o seu trabalho, as expectativas eram muitas, depois de terem ganho o concurso Quinta dos Portugueses da Antena 3 e do anúncio que rodou na televisão portuguesa a curiosidade era natural. O single de apresentação, Cão, foi o auge do concerto com toda a gente a cantar e a aplaudir ao ritmo. Liricamente não são muito complexos, mas musicalmente estão acima da média. Com alguns instrumentos fora do leque habitual de uma banda pop-rock como o vibrafone – que funciona bastante bem ao vivo – conseguiram produzir um som bastante agradável, apesar das quebras rítmicas que algumas canções incutiram no concerto. Foi um concerto morno, com alguns momentos quentes. Por outras palavras, estava à espera de mais.

Os brasileiros Skank animavam o palco principal com as músicas obrigatórias que os fizeram populares por terras lusitanas, como o hino ao desporto-rei, É uma partida de futebol e outras conhecidas de novelas que passaram por cá.
Tava um bom ambiente, mas estava na hora de ir espreitar um dos grandes desconhecidos – pelo menos para mim – que despertavam imensa curiosidade; Devendra Banhart.

Quando cheguei ao palco secundário, estava o Devendra a fazer o checksound e momentos mais tarde dava início a um dos melhores concertos de todo o festival, senão mesmo o melhor.
Com uma voz arrepiante – que me fez rapidamente lembrar a voz de Antony (de Antony and the Johnsons) – e uma musicalidade muito acústica impressionou pela sua simplicidade e humildade. Pediu desculpa pelo atraso, agradeceu em português e sempre com uma atitude muito descontraída foi debitando música deliciosa que entrava sem qualquer custo nos ouvidos de um público atento e um tanto ou quanto numeroso. Com mais dois guitarristas que cantaram também algumas músicas, com vozes bem afinadas e a mesma atitude descontraída e humilde abrilhantaram o concerto de uma forma especial. Mas o melhor ainda estava para vir.

Depois de uma cover bastante boa da That Thing da Lauryn Hill Devendra surpreendeu tudo e todos ao dizer que se houvesse algum escritor-cantor que tivesse escrito uma canção recentemente e quisesse partilhá-la com todos nós, que subisse ao palco que ele emprestava a guitarra. Após um caloroso aplauso pela iniciativa, dedos levantados para depois timidamente desaparecerem no mar de pessoas, lá houve um tal de Sam – podia ter dito o apelido – que subiu ao palco, e enquanto este se preparava para tocar toda a banda saiu de palco, sem qualquer desejo de protagonismo, e ficou o Sam, a cargo do Palco Planeta Sudoeste por breves minutos. Devo dizer que para melhorar ainda o momento único que se vivia ali, Sam não desiludiu. Cantou bastante bem uma canção muito interessante que gostaria de a ouvir de novo. Espero que estivesse algum respresentante de uma editora a ouvir e que tenha ficado com o contacto do quase anónimo Sam.
Momentos destes só conhecia em formato de histórias, nunca como experiências vividas.

Continuou o concerto com a mesma atitude e com a mesma qualidade. Deu para perceber que em termos de letras, as canções dele são extremamente ricas. Decididamente um artista a explorar com mais calma. Espero que volte para uma noite no coliseu. :)

Este foi um concerto que, de certeza, ficará na memória de muitos.

Estava na altura de ir até ao Positive Vibes ver os grandes Groundation e Black Uhuru.

Groundation deram um grande espectáculo, com muita música reggae e boa disposição justificaram a sua reputação. Uma banda da Califórnia que pelo som, bem podia vir da Jamaica. Musicalmente, o destaque vai para o teclista que foi um espectáculo dentro do espectáculo. Deram uma grande festa e o espaço do Positive Vibes começou a parecer pequeno para albergar tanta gente que ali dançava; e ainda havia pessoas a chegar para Black Uhuru. Estes começaram a abrir, com um grande front-man que só ele enchia o palco todo. Tocaram os obrigatórios Shine Eye Gal, Sensimilla e Leaving to Zion entre muitos outros. Foi um concerto excelente, mas o peso das pernas de um dia cansativo e uma noite mal dormida condicionaram a festa. Falo por mim, óbvio.

Um aspecto não tão bom, foi que enquanto ouviamos Black Uhuru no Positive Vibes, ouviamos também por trás Oasis no Palco TMN. Durante as músicas, quando havia um certo silêncio até se podia compreender, agora durante uma música com batida, acho muito mau. Houve uma falta de planeamento neste aspecto, já que haveria concertos a decorrer ao mesmo tempo podiam-se ter preocupado um pouco com isso.

Oasis, foi um concerto que até gostava de ter visto, mas como ia sendo habitual no festival, tinhamos que fazer escolhas. Entre Oasis e Black Uhuru ganharam os senhores do Reggae. Mas um passarinho contou-me que os Oasis deram um bom concerto. Pondo a atitude arrogante de lado, e mostrando o que melhor fazem. Tocar e cantar. Parece que fizeram as pazes com o público português, desde o "incidente" de última passagem por cá.

Uma das bandas que queria ver e que por motivos de horário não pude, foi LCD Soundsystem. Tanto se falou desta banda que fazia parte das bandas que queria conhecer no Sudoeste. Tal não foi possível, mas sei de fonte segura que o concerto foi bem bom.

Da Weasel também não vi, mas mudaram a minha opinião que os concertos de Da Weasel não trazem nada de novo. Conseguiram-no ao trazerem uma stripper ao palco, que acabou a sua actuação em nú integral. Entre pessoas chocadas e deliciadas, ao menos conseguiram o que queriam. Causa impacto. Ainda assim, não é a imagem de uma mulher nua que me ia fazer ir vê-los. ;)

Kasabian, ouvidos a partir da tenda não me pareceram maus, mas não fiquei com pena de não estar a assistir in loco. Parecem promissores, mas não necessáriamente revolucionários.

Terceiro dia
sábado, 6 de agosto

No sábado, o dia mais aguardado do festival e também mais concorrido, os meus destaques eram o velho amigo Ben & the criminals, Humanos, Donavon Frankenreiter, The Thrills e Josh Rouse.

[The Thrills]O dia, para mim, começou com The Thrills no Palco TMN. Muito pouca gente para assistir à banda de Dublin, que toca uma música muito indie pop / rock com temas muito influenciados pela cultura californiana, e com uma voz muito "suave" do vocalista Conor Deasy que se pode tornar difícil de gostar. Estava curioso para ver como estes funcionariam em palco. Em termos de banda apresentaram-se de forma coesa, com uma atitude confiante. Apesar do público não ser muito, mostraram-se surpreendidos pela recepção calorosa na sua primeira vez em Portugal. Ao longo do concerto foi-se juntando mais público, e até acabaram com uma quantidade considerável, para a primeira banda da noite. Gostei do concerto, até porque já conhecia os álbums e são bastante bons, mas não foi um concerto extraordinário. Simplesmente, foi bom.

Donavon FrankenreiterEm seguida, era altura de Donavon Frankenreiter pisar de novo palcos portugueses. Com o concerto do Coliseu na memória, foi fácil aperceber-me de uma certa evolução em termos de espectáculo. Continua a ser o mesmo Donavon, mas já mostra algum amadurecimento em cima do palco. Gostei de ver um Donavon mais músico e com algumas deambulações com a guitarra. Nota-se que aquele "menino" tem mais rock dentro dele do que a sua alma gémea musical, o Jack Johnson.
Neste concerto notou-se algumas falhas em termos de som, coisa que se foi repetindo ao longo do festival. É pena.

Tanto o Donavon como os The Thrills tiveram muito pouco tempo para actuar, somente 45minutos. Se tivessem mais tempo, os concertos podiam ter resultado melhor, na minha opinião. Mas já se sabe que os cabeças de cartaz têm muito mais tempo para tocar.

Depois do Donavon seguiu-se o momento mais díficil para mim em termos de escolhas. Tinha que escolher entre os Humanos e o Josh Rouse, que começavam ambos às 22h00. Acabei por ir ver o início de Josh Rouse e o final dos Humanos.

O concerto do Josh Rouse foi bastante bom, com uma grande quantidade de público que foi bastante participativo, o concerto desenrolou-se com uma certa alegria contagiante. Em palco, Josh e os seus músicos iam fazendo a festa, com grandes canções acompanhadas por uma voz brilhante, mostraram o porquê de tanta gente ali se ter dirigido para os ver. It's the Nighttime foi das mais entoadas pelo público, mas não foi a única. Love Vibration e Winter in the Hamptons – que deu início ao concerto – foram efusivamente cantadas pelo público.
Por pena minha, tive que sair a meio para ver o fim dos Humanos, mas custou bastante sair dali a meio. :(

[Humanos]Quando cheguei ao palco principal, a festa já estava a meio, com a Manuela Azevedo a dançar em palco que nem uma perdida – que é o que ela mais gosta de fazer – e o David Fonseca a curtir com a sua guitarra. Foi bom voltar a ver o David em palco, para lavar da memória o concerto que ele deu enquanto David Fonseca, a solo. Agora sim, parecia muito mais ele. Já estava no fim, mas ainda deu para ouvir os êxitos Muda de Vida e Maria Albertina. Acho que não estou errado ao pensar que das maiores enchentes do festival – deste e talvez de todos os outros – e que foi bastante bom encontrar nas filas da frente pessoas de várias gerações. Desde os mais crescidinhos a rondar os 40 até aos mais pequenos a rondar os 12. Tudo em grande festa, a cantar as músicas e a dançar. Quando o Camané, durante a Maria Albertina, começou a entoar o grito característico do Se é para amanhã do António Variações foi o auge! Tudo a cantar – alguns com uma lágrima ao canto do olho – bem alto e tenho a certeza que o António estava ali, no meio de toda a gente, mais vivo que nunca. Mesmo depois dos agradecimentos finais e de já estarem em palco os técnicos de som continuava-se a ouvir o grito do Variações. Muito se gritou "Portugal" nessa noite. São projectos destes que fazem ver que a música portuguesa não está assim tão mal como dizem.


Ben Harper + Innocent Criminals


Chegava então à altura pela qual muita gente esperava. O regresso do filho pródigo, Ben Harper voltava mais uma vez a pisar palcos lusos. É um exemplo de artista que cresceu mas não se esqueceu de quem o ama. Desde cedo que vem a Portugal e torna a voltar. Sempre para ser recebido por públicos ainda maiores. Aquele dia, não foi excepção.

Lá à frente, o espaço era reduzido, já que toda a gente queria estar o mais perto possível. E assim que entrou, abraçado aos Criminals, recebeu uma ovação como poucos recebem. Rapidamente agradeceu e sentou-se com a sua lap slide guitar para dar início ao concerto.

Foi tocando música atrás de música, trocando poucas palavras com o público entre elas – coisa que não é habitual nele. Assim que se ouviu os primeiros acordes da Glory and Consequence toda a gente vibrou e começou prontamente a cantar juntamente com o Ben. Os momentos já habituais do baixista mostrar o que vale – e vale muito aquele senhor! – assim como o percursionista dar uma festa só com um djembé durante a Burn One Down, estavam todos lá.

Por outro lado, deu para perceber que o Ben Harper não estava como eu o vi no Pavilhão Atlântico em Novembro de 2003. Estava menos comunicativo e mais apressado. Mesmo quando o público efusivamente gritava "Portugal!" ou "Ben Harper!" ele acalmava os ânimos, agradecia e dizia que tinha de continuar. Tudo porque tinha "pouco" tempo para tocar, apenas duas horas. Ao contrário do que ele costuma tocar – fora de festivais – entre 2h30 a 3h00.

[Ben and Donavon]A dada altura, Ben diz algo do género "Vou agora chamar um grande e velho amigo da banda, Donavon Frankenreiter". Por momentos, ainda pensei que a minha esperança tivesse sido recompensada e aparecesse o Jack Johnson para fazer o trio Ben+Donavon+Jack. Mas não. Ainda assim, foi uma participação especial bem boa. O Donavon entrou em palco para tocar das melhores músicas do álbum Diamonds on the Inside, a música que dá nome ao álbum. :) Aqui também, se notou uma falha ao nível do som.

No final, uma situação caricata. O Ben trocou de guitarra, chegou-se ao microfone, e ficou a pensar durante uns segundos. Depois voltou-se para o baixista, perguntou-lhe qualquer coisa e este explicou-lhe alguma coisa, penso que acordes da música seguinte. Ele voltou ao microfone, pausou por mais uns segundos, o público a assobiar, até que ele vira-se para todos os elementos da banda e levanta dois dedos da mão, como que a dizer "toquem a 2 hands". E assim foi... Deixando de fora do alinhamento duas canções obrigatórias: a Sexual Healing e a Steal My Kisses. A leitura que eu fiz do incidente foi que ele se esqueceu dos acordes de uma música.
Mas ao consultar o seu site oficial, encontrei uma nota que diz que a Steal My Kisses estava de facto na setlist mas que foi removida devido a limitações de tempo.

Podem ver a setlist e outras informações aqui.

[With My Own Two Hands]Foi um concerto muito bom, mas que podia ter sido excelente se tivesse tido mais tempo. Assim que o Ben saiu de palco entraram os técnicos para desmontar o equipamento, que foram rapidamente vaiados e assobiados. Pronto, nós até percebemos que haja limitações de tempo num festival, mas devia haver mais tolerância, o público estava a exigir mais, será que era assim tão mau tocar mais uma? Enfim...

Uma surpresa desse dia, que só soube no último dia, foi a cantora dos Lamb, Louise Rhodes ter ido cantar ao Planeta Sudoeste. Cantou músicas suas e também de Lamb. Gostava de ter assistido, mas não se podia ver tudo, especialmente quando não se tem ideia do que está por detrás de um nome.

Resolvi passar pelo Planeta Sudoeste e ver um pouco da actuação de Peaches. Uma coisa do outro mundo. Não sou grande fã da onda electro-clash mas ela dá um espectáculo capaz de prender a atenção durante horas. Fiquei a ver até perto do fim, e posso dizer que gostei. Som muito electrónico e com componentes psicadélicas, que de certeza fizeram a delícia de muitos dos presentes. Um beat com uma única pessoa em palco, com uma guitarra, a gritar por cima não é propriamente o que eu chamo de delícia, mas foi extremamente interessante, pelo menos. :)

A noite acabou no Positive Vibes ao som dos Sentinel Sound, dois DJs que passaram muita música boa, mantendo-se sempre fiel ao tema do palco – o reggae, mais especificamente o dancehall.

Underworld e Fatboy Slim, pelo que ouvi, deram grandes concertos. Mas como não sou grande fã do género, acabei por assistir ao concerto de Fatboy – ou pelo menos, a parte inicial dele – a partir da tenta. Com um início irritante, cedo começou a mostrar os seus dotes. Gostei particularmente dum remix que ele fez com a Bang Bang da Nancy Sinatra, música popularizada recentemente pelo filme Kill Bill, de Quentin Tarantino. acabei por não ouvir tudo, porque o sono levou a melhor, mas o concerto durou até às 6h00. Haja fôlego.

Quarto dia
domingo, 7 de agosto

Este podia ser o útimo dia, mas não deixava de ser um dos mais interessantes a níveis de actuações. Tínhamos nomes como os grandes Korn e os Athlete no palco principal. Tínhamos os Vicious 5, Mata Tu, Patron!, The (International) Noise Conspiracy e The Kills no palco secundário. E ainda tínhamos nomes como One Love Family e Morgan Heritage no Positive Vibes. Grande dia.

[Vicious 5]Começou cedo, com a actuação dos Vicious 5, que me tinham sido recomendados por um amigo sabendo que gosto da onda revivalista e eles até se aproximam um pouco disso, apesar de mais pesados que o normal. Também não consegui ver todo, já que começava um pouco cedo (17h00) e era complicado apanhar autocarros desde a Zambujeira para o recinto do festival, mas deu para apanhar as últimas músicas e aperceber-me que é uma banda com valor, nacional, com um grande som e com uma grande presença em palco. A experiência de alguns dos membros fala bem alto, já que mostram técnica que não se adquire em um ou dois anos na música. Um deles pertenceu aos X-Acto – para quem conhece, não é preciso dizer mais nada – e nota-se que não é menino que começou agora a pisar os palcos. Fiquei com vontade de ver e ouvir mais... :)
(encontrei uma entrevista deles, aqui)

Depois, por desconhecimento, perdi o concerto de Mata Tu, Patron!, que vim a saber mais tarde é a nova banda do vocalista de Zen, um dos melhores frontmen que Portugal já viu. Fiquei assim no escuro quanto à sonoridade deste novo projecto, mas ouvi uns comentários bastante positivos. Fica para a próxima, também. :(

[Baixista dos Athlete]Acabei por chegar atrasado – 2 músicas – ao concerto dos Athlete, banda que me intrigava especialmente já que, conhecendo o álbum, não fazia a mínima ideia se resultariam bem ao vivo uma vez que a maioria das canções são bastante calmas. Que surpresa. Com pouca gente à frente do palco principal, os Athlete mostraram que canções calmas não têm que ser canções chatas ao vivo. Todos eles vibravam muito com a música, e tocavam com uma intensidade peculiar. Com crescendos constantes a banda foi mantendo bem viva uma plateia que se ia compondo a olhos vistos. [Athlete]O single de estreia, Wires foi entoado por grande parte da audiência o que surpreendeu um bocado a banda. Ao contrário dos The Thrills, estes deram um concerto muito bom – quem não gosta da banda, pode discordar – para início de dia do festival, e convenceram quanto à sua experiência nos palcos. Sempre interactivos q.b., disseram que era a primeira vez e que estavam a gostar da recepção. Fica a estreia, espera-se concerto para mais tarde – possivelmente só no segundo álbum da banda – e desta vez com um público à altura da banda.

De Doves posso dizer que é uma boa música de fundo para se jantar. ;) Não me seduz muito.

[One Love Familyu]Dirigi-me então ao Positive Vibes para ver a actuação dos One Love Family, uma familia portuguesa que segue o movimento rastafari, com pessoas em palco dum leque de idades enorme. Desde o mais velho até ao mais novo, todos eles dão uma festa em cima do palco à sua maneira. O mais pequeno, à volta dos 6 anos de idade, parecia a mascote. Muito bom. Com uma grande recepção por parte do público foi um grande espectáculo de reggae, com uma grande festa na audiência.

Em seguida fui até ao palco secundário para assistir a outro grande concerto, mesmo um dos melhores do festival. The (International) Noise Conspiracy. Assim que começou via-se que ia ser um grande concerto. Com uma grande presença, como se lhes exigia, encheram o palco secundário como poucos o fizeram. Com um grande som punk mostraram que o punk is not dead ! Apesar de já conhecer o álbum, foi com alguma surpresa que vi a actuação deles porque não esperava tanta energia durante o concerto todo.


[The (International) Noise Conspiracy]


Sempre num ambiente intimista com o público, o vocalista Dennis Lyxzén não se inibiu de fazer críticas mordazes à situação actual da indústria musical. Perguntou ao público quantos dali é que faziam download de música na net, ao que foi brindado com um mar de braços levantados. Depois disso respondeu que assim é que deve ser feito, que se nós os curtissemos que fossemos à net que eles estavam por todo o lado e que se realmente gostassemos deles que fossemos aos concertos deles e dançassemos com eles. Disse ainda que a única razão pela qual as editoras estão com medo da partilha de ficheiros é que pela primeira vez as pessoas estão a ouvir música seguindo um modelo que não tem por base o capitalismo. Depois disse que It's amazing that we're overthrowing capitalism listening to good music! :) Pediu ainda desculpa a todos os que tinham ido ao Carviçais Rock 2002 para os ver, porque devido a problemas logísticos tiveram de faltar.

Acabou por haver momentos característicos de um concerto de punk, com o vocalista a fazer um mini-crowdsurfing, subir para as colunas, todos eles darem saltinhos em uníssono (hehe) entre outros aspectos que fizeram da actuação deles uma das mais marcantes de todo o festival.

Chegava a altura de ir para o palco principal, assistir ao grande concerto da noite. Korn. Já os tinha visto no Super Bock Super Rock 2004 (opinião em inglês, aqui) e já sabia mais ou menos o que esperar. Ainda que não tivesse o Head, e o novo guitarrista estivesse fora do alcance dos olhos do público, o espectáculo não iria desiludir. Jonathan Davis arrasou com a sua característica atitude em palco, juntamente com os martelos sonoros do baterista David Silveria que pouco ficam a dever aos martelos de Thor, Deus Trovão, e o inconfundível som do baixo do Fieldy e da guitarra de Munky, todos eles deram um espectáculo como poucos conseguem dar. A animação no mosh-pit era mais que muita, tanta que às vezes deixava-se de ver a banda tal era o pó levantado pelos mais inquietos fãs da banda.

Destaque para algumas músicas novas, Hypocrites e Twizted Transistor. Podem visitar o site kornbrasil.com que no post do dia 8 de agosto encontram setlist e os mp3s das músicas novas.

Decididamente um dos melhores concertos do Sudoeste'05.

Para terminar o festival, fui até ao palco Positive Vibes ver o final de Morgan Heritage. Que festa. O vocalista anima qualquer um, com uma grande interactividade – das melhores a que assisti – deram um excelente concerto, pelo menos do que vi, que ainda foi um bocado. A banda formada por filhos do Denroy Morgan, mostrou-se impressionada com a recepção calorosa na sua primeira vinda a Portugal e disse ainda que aquele público foi o melhor que eles encontraram em toda a Europa – graxa ou não, não sei. mas sinceramente, não acho muito difícil – e prometeram que enquanto nós quisessemos, os Morgan Heritage iam voltar todos os anos. Esperemos que sim! Foi dos melhores concertos a q que assisti no Positive Vibes, juntamente com Black Uhuru, mas também perdi imensos concertos ali. Seeed, Kussundulola, Gladiators e alguns mais.

E assim chegavam ao fim os 4 dias de música do Festival Sudoeste.


[Sudoeste'05]


Conclusões

[Funcheira]Penso que o factor mais relevante do festival foi a quantidade de pessoas. Muito mais do que o normal. Ainda assim, tenho coisas boas e coisas más a apontar à organização.

Por um lado, os transportes foram bem planeados, já que quando cheguei à estação de comboios da Funcheira, não era suposto haver autocarros para o recinto nesse dia – ainda era dia 3 – mas a Rodviária do Alentejo estava lá para nos trazer. E na volta, não houve qualquer problema em apanhar o autocarro para a Funcheira. Aliás, não tivemos de esperar quase tempo nenhum.

No entanto, o festival mostrou-se sobrecarregado por publicidade, com uma área inteiramente dedicada a técnicas de marketing para várias empresas, como a Sapo, a Axe, a CP – que montou um "Resort CP" para os portadores de MusiCard, com piscina e campo de voleibol – e a Frisumo. Parece que os festivais se estão a tornar em centros comerciais, com McDonalds, bancas de cachorros, crepes (!!!), atum, e muita bebida – que só podia ser vendida nas bancas da Super Bock – acho que poderiam também investir em melhorar as condições de higiene do festival. Já se sabe que não vamos pelo conforto, mas ainda assim acho que podiam ser melhoradas.

Não gostei do facto do som dos vários palcos se sobreporem. Não sei qual seria a solução, mas eu não sou engenheiro de som. Achei que era de extrema falta de respeito para com os artistas do palco secundário ser quase impossível ouvir a sua música por estar um palco principal a abafar tudo o resto.

[Positive Vibes]Um aspecto muito positivo foi o estreante Palco Positive Vibes! Foi, a meu ver, um estrondoso sucesso. Nunca vi o palco vazio, tinha sempre milhares de pessoas em festa, com muito boa disposição e sempre a curtir. Achei isso um aspecto positivo, haver três áreas musicais completamente diferentes. A mais mainstream no Palco TMN, a mais alternativa no Palco Planeta Sudoeste e o reggae no Palco Positive Vibes.

Tinha tanto por onde escolher que foi inevitável perder alguns concertos muito bons. Mas já se sabe, é a vida.

P'ro ano há mais!

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